domingo, 31 de maio de 2009

Lembranças devem ser boas.

Há alguns dias estava eu numa dessas redes de interação sociais, locais da internet onde a sua vida fica em páginas abertas, o famoso “orkutar” que não é oculto. Pois então, nessa animada conexão virtual uma amiga postava fotos de sua nova fase. Acabara de completar 25 anos e com estilo, fez uma viagem a maior e melhor cidade do Brasil, aliás, a primeira maior e melhor cidade do Brasil. Quem disse isso? Eu. Estou dizendo e acredito que muitos concordam: Salvador... A sensacional terra do branco mulato e do preto doutor. Confirmam?
Salvador, eu nasci e passei os meus primeiros anos de vida lá. Foi uma rápida passagem, porém inesquecível. Conheço cada detalhe da estação, das marés e de suas ligações com as fases da lua, o cheiro das manhãs de setembro, tudo de passado é presente quando penso na minha terra natal.
Sai de Salvador criança e voltei depois de 20 anos. Lembro-me exatamente como aconteceu o meu retorno.
Ligava eu para essas companhias aéreas a fim de comprar passagens a trabalho, era época de promoção, então quis aproveitar e trabalhar, ganhar em dobro... Mas aí do nada eu perguntei:
- E para Salvador, quanto fica?
- O quê?
- Quero 15...
Não hesitei e passei o cartão. Uma decisão louca, impensável, no meio do trabalho, e agora. “Vôo eu”.
De cara pousar perto das dunas, base aérea de Salvador, cartão postal do que antes foi cenário da despedida, agora da recepção, das boas vindas. Chorei mesmo e choraria de novo e de novo. Vivi e curti os quatro dias que me propus a fugir do correto, das regras e fazer quatro dias de loucuras em total alegria. Confesso que parecia uma soteropolitana turista, visitando, aprovando, comprando, tomando topo das ondas, como se nada daquilo eu conhecesse e acabara tudo se tornando motivo de novas recordações. Era salvador em 2006 e não mais a de 1984. Coincidentemente, eram os meus últimos dias de 28 anos, a viagem de volta estava marcada para 21 de setembro, as 00:30. Iria embora no começo de um ano novo.
Exatamente, naquela hora a despedida se multiplicou, o motivo para rir e chorar também. Dali a algumas horas estaria eu no mundo do passado, o trabalho, os compromissos, a rotina.
Amo a Bahia sem explicação. Esse amor é do tipo que dói, não mata e faz bem quando se sente. Talvez seja a cor do mar e as belezas das praias, o embalado, incansável e inacabável melhor carnaval do mundo, as suas ricas e belas 365 igrejas, a culinária mais “light quente” do Brasil, o sorriso e a recepção dos Soteropolitanos, ou nada disso, apenas um lugar comum e incomum particularmente. Não sei, conheço quem gosta e quem odeia. É uma paixão singular que eu pluralizo.
Depois desse meu retorno, do reencontro com minha origem, não deixo mais de ir a Salvador. Tive muita sorte, não é só a cidade, mas o fato de acreditar no possível e tudo que é bom é possível.
Em algum lugar existe uma conspiração para que o bem aconteça, por isso devemos deixar e preparar para que ele se realize. O sonho de cada um de nós é muito simples de se realizar, somos nós mesmos que complicamos e criamos regras. Antes o meu presente era relembrar o passado e viver para o futuro. Hoje, presente vem embrulhado, o futuro é um tempo não muito distante e o pretérito, além de eterno, é mais que perfeito. Tudo o que vivi jamais esquecerei e, se foi bom, reviverei.
Para você minha cara Juh, um feliz aniversário em dobro e muito obrigada por trazer lembranças boas.
Axé!

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